Entre os grandes desafios que um educador enfrenta no dia a dia na escola, um deles, certamente, é lidar com as dificuldades de aprendizagem dos alunos.
Um estudante pode ter imensa facilidade em ciências, mas ter grandes dificuldades com a matemática. E vice-versa…
Então, cabe ao bom educador buscar boas práticas e técnicas para obter sucesso enfrentando este problema.
Para superar essas adversidades, existem técnicas poderosas que podem ajudar os alunos a aprender melhor e minimizar suas dificuldades.
Neste post, reunimos dicas de grandes especialistas da área para entender a lógica do aprendizado. Ter essa compreensão simplifica o desafio e aumenta as chances do educador obter êxito em sua escola.
O ex-engenheiro da Nasa Mark Rober traz uma visão diferente sobre a construção do aprendizado, descrevendo o efeito que ele chama de “Super Mario”, em sua palestra no Ted Talks.
No famoso jogo do vídeo game, o personagem Mário enfrenta vários obstáculos, até chegar ao objetivo final, que é o resgate da princesa.
Mark então sugere que o que precisamos é focar na princesa, ao invés de focar nos buracos (principais obstáculos ao longo do jogo), para sermos bem sucedidos em nossas tarefas e aprendermos mais.
No jogo Super Mário, o que acontece é que quem joga não é punido pelos erros, aprende com eles, e segue perseguindo o objetivo final. Afinal, nada acontece quando o Mário morre no game. Em poucos segundos, ele está vivo novamente, logo, o medo do fracasso é zero.
Em uma escola, por exemplo, o fracasso é punido com notas ruins. Seguindo a lógica do efeito Super Mario, essa pode ser uma uma escolha errada.
Porque ao errar e sentir os impactos altamente negativos de seus erros, o aprendizado pode se tornar mais complicado. A pressão do erro torna o processo de aprendizagem mais difícil.
Por isso, para o palestrante, o certo é focar no que de bom o aprendizado daquela habilidade pode trazer.
E, nas escolas, os alunos com mais dificuldades de aprendizagem muitas vezes não conseguem tirar o foco do que está dando errado, para o que pode dar certo.
Sua escola pode ajudar a mudar isso estimulando uma mentalidade mais positiva, e deve também buscar exemplificar os aprendizados e conquistas que serão capazes ao desenvolverem novas habilidades e conhecimentos.
Carol S. Dweck, professora de Psicologia da Universidade de Stanford, trouxe em seu livro “Mindset: A nova Psicologia do Sucesso”, noções bem interessantes sobre como uma mentalidade positiva realmente impacta o desenvolvimento.
A especialista divide os tipos de mentalidade em dois tipos: a fixa e a progressiva. A autora explica que é possível termos os dois tipos de mentalidade para diferentes áreas de nossa vida.
A mentalidade fixa é quando as ideias são imutáveis. Por exemplo, quando o aluno diz que não é bom em matemática ou em ciências, e que não tem mesmo jeito de melhorar.
Ou quando o estudante diz que não precisa mais aprender sobre aquele assunto, e que se for difícil, ele desiste.
Pessoas com o tipo de mentalidade fixa não acreditam que podem desenvolver as habilidades e o talento necessários para lidar bem com aquela tarefa ou disciplina.
Já a mentalidade progressiva tem a ver com otimismo. Com este “Mindset”, entendemos que as habilidades podem ser desenvolvidas com atitude positiva, autoconfiança e persistência.
Isso não quer dizer que pessoas com este tipo de mentalidade não encontrarão dificuldades. A grande diferença é que pessoas com este tipo de visão encaram de forma diferente suas frustrações.
Essas pessoas entendem que o erro faz parte do processo de aprendizado e não tem vergonha deles. Os erros não desestimulam o esforço e a crença de que vão conseguir desenvolver a habilidade, e acabam usando suas frustrações como lições.
Pela ótica da autora, todo ser humano tem capacidade de desenvolver qualquer habilidade, desde que se interesse, se esforce e acredite ser capaz de executá-la.
Não se trata meramente de uma mensagem de auto-ajuda; ela diz isso embasada pelos seus diversos estudos e experiências com pessoas bem sucedidas.
Trazer os ensinamentos de Carol para o ambiente escolar pode ser muito válido para ajudar os alunos a superarem suas dificuldades de aprendizagem.
A boa notícia é que é possível que qualquer um deixe de ter uma mentalidade fixa para ter uma progressiva. Esse novo jeito de ver os desafios e disciplinas certamente trará muitos retornos positivos para a escola.
A engenheira Barbara Oakley – como ela conta nesta palestra no Ted Talks – teve uma trajetória interessante até chegar ao ponto de ser considerada uma das especialistas no tema aprendizagem.
Ela fracassou em matemática e ciências em todos os períodos da sua vida escolar. Por outro lado, ela era uma garota que amava o estudo de linguagens e culturas.
Depois que cresceu, queria continuar estudando isso, mas não tinha dinheiro. Sua opção então foi entrar no exército, com o intuito de aprender uma nova língua.
Ela aprendeu russo e acabou trabalhando como tradutora.
Já aos 26 anos, ao sair do exército e vivenciar muitas novas experiências, criou um desafio para si mesma: Mudar seu próprio cérebro.
Ela começou a estudar como o cérebro funcionava, e conheceu seus dois modos de funcionamento. Um dos modos ela nomeou de modo foco.
O modo foco do cérebro é o que reconhece os estímulos que já estamos acostumados. Por exemplo: ao ver 2 + 2, não é necessário pensar muito sobre. Automaticamente você já sabe o resultado.
Quando precisamos lidar com um novo tipo de pensamento, ou uma nova perspectiva, o segundo modo, o difuso, é ativado.
No processo de aprendizagem, ficamos em um vai e volta entre estes dois modos. Se o aluno se vê preso focando em algo, tentando aprender um novo conceito ou resolver um problema, o ideal é tirar a atenção deste ponto e deixar o lado difuso do cérebro fazer o trabalho.
Ela explica o que quer dizer citando o exemplo de Salvador Dali, um dos pintores surrealistas mais brilhantes do século XX.
Quando Dali ficava preso em algum tipo de aprendizado, ele ficava relaxado em sua cadeira e segurava as chaves que tinha em suas mãos.
Ele ficava com as chaves na mão e deixava o cérebro se afastar, relaxava tanto que chegava a cair no chão. Com as chaves caindo no chão, o barulho o acordava, e então ele conseguia tirar as ideias do modo difuso para o modo focal, trabalhando as ideias e conceitos refinando sua arte.
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Barbara Oakley mostra que, para ter bons resultados nas escolas, é necessário ajudar os alunos a superarem a procrastinação. Essa tarefa se tornou mais árdua nos tempos atuais, afinal, as distrações como as redes sociais e jogos são maiores e podem atrapalhar bastante.
Um poderoso método é o Pomodoro, que pode ser usado via aplicativo no celular ou computador, ou com um simples cronômetro.
Ele consiste em foco e relaxamento. Durante 25 minutos você precisa focar inteiramente no estudo e, em seguida, tem 5 minutos para relaxar e deixar o cérebro livre.
O ponto é ajudar a pessoa a aprender melhor. Como a especialista exemplificou no caso de Salvador Dali, as pausas são importantes.
Para aprender coisas difíceis, é necessário também persistir. Dificilmente vamos aprender algo complicado rapidamente. É como ouvir uma música uma única vez e saber cantá-la. É necessário repetições até aquela ideia ser completamente entendida pelo nosso cérebro.
Para dominar a técnica de como aprender, Barbara afirma que além das outras técnicas já citadas, a principal é ampliar suas paixões!
Mais do que simplesmente se ater a uma área que ama, quando você se abre para novas ideias e conhecimentos, pode enriquecer a vida de uma forma além do esperado.
Em sua escola, você pode ajudar os alunos a vencerem suas dificuldades de aprendizagem ajudando-os a encontrarem outros assuntos pelos quais se interessam.
Isso pode ser feito contando as histórias de grandes pessoas no campo das artes, da matemática, da ciência e das linguagens.
Os exemplos de histórias bem sucedidas podem inspirar os estudantes a crescerem e procurarem ter um aprendizado mais diverso.
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Os estudos mostram que há maneiras de aprender mais rápido e com maior facilidade. Neste artigo, a Fast Company mostra seis truques para driblar as dificuldades de aprendizagem. Vamos destacar quatro deles:
O primeiro, é ensinar o que você sabe a uma outra pessoa. Se você se imagina ensinando alguém o material que está tentando compreender, a velocidade do aprendizado é maior e a memorização também, de acordo com um estudo feito na Universidade de Washington (EUA).
Segundo, procurar um período entre 30 e 50 minutos de estudo. Menos que 30 minutos não é suficiente, assim como mais que 50 minutos pode ser muita informação para seu cérebro captar de uma só vez, afirma o especialista Ellen Dunn. Uma média de 10 minutos de pausa nesse período pode ser suficiente para a volta aos estudos.
A terceira dica é bem tradicional: anotar a mão os conteúdos. Pesquisadores da Universidade de Princeton (EUA) identificaram que os estudantes que costumavam fazer anotações a mão durante as aulas, conseguiam os melhores resultados.
A quarta lição é realizar intervalos no estudo. Benedict Carey, autor do livro “Como aprendemos”, usa uma comparação bem interessante para entendermos essa lição.
Se você regar um gramado por 90 minutos, uma vez por semana, ou ao invés disso, regar por 30 minutos, durante três dias nessa semana, de qual forma o gramado ficará mais verde?
Dividir a irrigação em períodos menores tornará a grama mais verde. A lógica do aprendizado é muito semelhante, por isso os intervalos são tão importantes.
Todas essas histórias apresentadas no artigo podem ser compartilhadas com os alunos e também com os pais.
A abordagem, é claro, vai variar de acordo com o público. Na educação infantil, é importante que a sua escola busque estimular bons hábitos de estudo e mostre às crianças que os desafios e as dificuldades fazem parte.
Para alunos do fundamental e ensino médio, é interessante oferecer palestras, dinâmicas e workshops para debaterem o assunto.
Aos familiares, é importante ter uma comunicação que busque conscientizá-los a também ajudarem no processo.
No aplicativo da escola, busque enviar conteúdos educativos para ajudá-los a entender melhor o processo de ensino e aprendizagem.
Com os pais sendo parceiros da sua escola, as dificuldades vão ser bem menores. E, claro, a trajetória pode ser mais prazerosa. Para saber mais sobre comunicação na escola, você pode ler este artigo: O Que Falta para a sua Escola ter uma Comunicação Incrível?
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Muito bom artigo e dicas maravilhosas. Obrigada por ajudar! Abraços
ficamos felizes em saber que gostou, Dayse! <3