Criança vítima de bullying sentada no pátio da escola

Como identificar e combater o bullying na escola

Comunicação escolar
|
🕑
5
min. de leitura
|
18/4/2023

Tema cada vez mais presente dentro e fora dos muros escolares, o bullying na escola causa muito sofrimento para estudantes e suas famílias, e precisa ser tratado com a seriedade que o assunto demanda. A violência no âmbito escolar pode acontecer de forma verbal, física e virtual, também conhecido como cyberbullying.

O bullying é definido por meio da lei 13.185/2015 como:

“Todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.”

Para reforçar a luta contra as intimidações, o Governo Federal instituiu a data de 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola por meio de uma lei sancionada cinco anos depois do massacre de Realengo (RJ) - ocorrido em 7 de abril de 2011 e que deixou 12 estudantes mortos e outras 22 pessoas feridas. A legislação estabelece e reforça o apelo por mais empenho em medidas de conscientização e prevenção ao bullying no âmbito escolar. 

Quando os pais identificarem que o filho está sofrendo esse tipo de violência, o ideal é que comuniquem a escola imediatamente para que as devidas providências sejam tomadas. "Por medo de retaliação, geralmente a vítima se cala, então é importante sempre observar e conversar com os filhos, apoiar e, dependendo do caso, encaminhar para psicoterapia", avalia a psicóloga Ellen Farina, especialista em Psiquiatria e Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da USP.

Com psicoterapia, a autoestima vai sendo ressignificada e o aluno vai aprender a se posicionar, impor limites e entender que o outro só vai até aonde você permitir. "O apoio dos pais e da escola também ajuda muito nestes casos", alerta a especialista.

No caso do agressor, a psicóloga Ellen Farina indica que a equipe pedagógica da escola entre em contato com os pais. 

"Eles devem procurar ajuda terapêutica para que seja identificado o motivo que leva o indivíduo a praticar o bullying. Se ele tem essa necessidade de se sentir mais forte, humilhar o outro e não consegue lidar com a sua raiva, sem dúvida ele também está precisando de ajuda emocional", disse a psicóloga. "Infelizmente, nem sempre os pais dão os limites necessários e esperam que a escola 'eduque' o seu filho", explica.

Como identificar um bullying na escola?

De acordo com a psicóloga Ellen Farina, existem sinais que podem indicar que o aluno está sendo vítima da violência:

  • Tendência ao isolamento;
  • Idas frequentes ao banheiro da escola (geralmente pra chorar escondido);
  • Apatia e tristeza;
  • Raiva e irritabilidade;
  • Machucados e/ou hematomas pelo corpo;
  • Desinteresse pelos estudos ou em ir pra escola;
  • Queda no rendimento escolar.

O bullying pode ter diversas consequências na saúde mental de um estudante. "Depende da capacidade que o indivíduo tem de lidar com a frustração e isso varia de pessoa para pessoa, não tem como mensurar", explica.

No entanto, ela alerta que esses estudantes vítimas de violência podem desenvolver  transtornos mentais, como ansiedade, depressão, fobias e ideação suicida, como também doenças psicossomáticas, como diarreia, dor de cabeça, taquicardia, tremores, falta de ar, ânsia de vômito.

"Se não tiver cuidado, pode gerar danos significativos à vida adulta e quando não raro alguns levam até ao suicídio, infelizmente", ressalta Ellen.

Por isso, os cuidados precisam começar assim que o problema é identificado, quanto antes agimos menores são as chances de criar traumas maiores.

Cyberbullying na escola 

Uma pesquisa da Unicef, divulgada em setembro de 2019, apontava que um em cada três jovens em 30 países disse ter sido vítima de bullying online, com um em cada cinco relatando ter saído da escola devido a cyberbullying e violência. No Brasil, as redes sociais foram apontadas no estudo da Unicef como o espaço online em que mais ocorrem casos de violência entre jovens.

O cyberbullying tem um alcance muito maior do que a violência presencial, já que extrapola os limites da escola e a intimidação a qual o aluno passou tem potencial para viralizar e ficar imortalizada na internet.

Na pandemia, com o ensino remoto e híbrido, esse estudante pode ter sido exposto a situações em que se sentia desconfortável, já que muitas escolas demandavam que a câmera de todos estivesse ligada. Além da vergonha da exposição, havia o medo de que outros estudantes tirassem print de alguma careta e esse aluno virasse alvo nos grupos de WhatsApp.

Ao adotar um aplicativo exclusivo para a comunicação escolar, como o ClassApp, a chance de sua escola ter um problema parecido diminui bastante, uma vez que o contato passa a ser mediado pelo colégio. Além de a escola criar uma comunicação dispersiva e ter que lidar com possíveis discussões em grupos, o WhatsApp expõe os dados e números de telefones de todos da sala - o que infringe a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

O papel do professor, coordenação e direção

A escola, como um todo, tem o papel de adotar ações de prevenção à violência, procurando incluir a temática do bullying nas práticas educacionais diárias e nas atividades extras. As ações são, inclusive, previstas na lei 13.185/2015, que prevê o enfrentamento como política nacional, exigindo que as instituições assegurem medidas de conscientização e combate à violência e à intimidação sistemática.

Portanto, é papel da coordenação e direção capacitar os docentes e toda equipe escolar para a implementação das ações de discussão, prevenção, orientação e solução do problema.

"A escola pode vez ou outra ministrar palestras ou apresentar vídeos de conscientização sobre os impactos do bullying nas crianças e adolescentes", ressalta a psicóloga Ellen Farina. 

Ela ainda sugere que a instituição deixe as famílias confortáveis quando apresentarem alguma queixa sobre violência.

"A escola deve ressaltar que alguma atitude será tomada, fornecer mecanismos de denúncia anônima e, se possível, prestar um auxílio ou encaminhamento psicológico para as vítimas de violência", explica.

Além disso, o professor, coordenação, direção e equipe escolar precisam ficar atentas às interações dos alunos dentro da escola para conseguir identificar possíveis situações de intimidações e trabalhar com o aluno que é vítima e com o aluno agressor, a fim de resolver a situação.

Denunciando o bullying

Casos de bullying e violência podem ter um fim jurídico e escola, família e testemunhas são corresponsáveis e podem ser responsabilizadas por omissão caso negligenciem os ataques. 

Em 2021, a SaferNet atendeu 190 casos de cyberbullying e ofensas. Confira o passo a passo da SaferNet para denunciar casos de bullying:

Infográfico produzido pela ClassApp com o texto "Passo a passo para denunciar casos de bullying - fonte: Safernet: A maioria dos casos pode ser solucionado de forma mais simples, com a mediação dos conflitos ou com a remoção do conteúdo que prejudica alguém. As principais redes sociais já possuem ferramentas para denúncia e remoção de conteúdos que se enquadram nessa categoria.Quando não há possibilidade de identificar o agressor ou não há espaço para resolver de forma mediada e preventiva, o caso pode ser comunicado ao Conselho Tutelar, ao Ministério Público ou à delegacia de polícia quando houver atos infracionais, como agressão moral ou física.É importante gravar todas as mensagens e imagens ofensivas recebidas e bloquear os contatos. A vítima ou responsável legal deve fazer um boletim de ocorrência com as provas - mensagens, fotos, vídeos, áudio, e-mail, número de celular da origem das agressões, endereço das páginas, perfis e publicações - para que se iniciem as investigações."

Falando com as famílias

Tratar do bullying com os pais da vítima e do agressor é delicado. No entanto, é necessário que a escola leve esse assunto para a família com muita clareza e empatia. Nesse sentido, uma escola que já trabalha o acolhimento dos pais e sabe da importância do relacionamento próximo entre escola-família sai na frente para conseguir solucionar o problema.

A responsabilidade na formação de um ser humano não é só da família ou só da escola: o trabalho deve ser partilhado para que a criança se desenvolva como cidadão. Sendo assim, uma parceria entre esses agentes, indo além do processo de escolarização, traz resultado direto para o desempenho escolar e pessoal do aluno.

Clique aqui e confira ainda mais informações sobre como reforçar os laços da sua instituição com as famílias e como isso afeta positivamente o desempenho escolar dos alunos e até mesmo minimizar os casos de bullying na escola.

Leia também

Conteúdos gratuitos