Sua Escola Prepara os Alunos Para as Provas ou Para a Vida?

Quando um aluno entra na sua instituição, qual é o principal objetivo que a sua escola persegue?

O foco principal é fazer com que este estudante passe na melhor universidade?

O principal objetivo é que esse aluno deixe a instituição capaz de se tornar o melhor profissional possível?

A meta é deixar a família satisfeita durante a jornada do jovem na escola?

Claro que existe uma relação entre estes três objetivos, mas também importantes diferenças. Porque, como sabemos, não podemos priorizar tudo, e temos que tomar determinadas escolhas.

Imaginemos um novo cenário. A sua escola quer agora preparar os alunos para a vida e, para isso, foca menos em testes e provas padronizados.

Que habilidades buscar desenvolver?  Como perseguir essa meta?

Neste artigo, mostramos porque sua instituição deve focar no desenvolvimento de aptidões importantes para a vida, e não ficar presa somente às provas. Confira!

Como as necessidades do mundo foram se moldando e a escola se adaptando

Pouco antes do século XX, os pensadores da educação pensavam em como seria a transição da escola que preparava alunos para trabalhar na agricultura, para os que trabalhariam em fábricas.

Iriam surgir milhões de oportunidades, nos próximos anos e décadas, nas indústrias. As pessoas precisavam aprender a fazer algo, e essa atividade devia ser feita com muita eficiência e sem nenhum erro.

Henry Ford, fundador da Ford, chegou até a dizer que os trabalhadores não precisavam ser inovadores, criativos e ousados. Afinal, precisavam apenas executar tarefas pré-determinadas.

As escolas, naquele tempo, então, se adaptavam a essas necessidades. Os alunos aprendiam a ser eficientes e não eram estimulados a serem criativos.

Este foi o tipo de instituição de ensino que funcionou e existiu por um longo tempo.

Já na década de 80, a necessidade começou a mudar, e a escola precisou estimular o espírito de inovação. Em cada era, a essência das escolas estavam alinhadas com as necessidades do mercado.

As necessidades do futuro ainda são em parte desconhecidas, mas especialistas já dizem abertamente que várias das profissões que conhecemos hoje deixarão de existir.

Por isso, o modelo de ensino atual deve preparar os jovens para serem criativos, ousados e disruptivos. Algo além do que existe hoje, como afirma o investidor Ted Dintersmith em sua palestra no Ted Talks.

Escolas devem preparar para a vida

Foque em desenvolver as habilidades dos alunos

Quantas vezes na vida real precisou fazer uma equação de segundo grau para resolver um problema? Quanto tempo ficou resolvendo essas equações em sala de aula?

Claro que estamos apenas usando-a como exemplo, mas há vários conteúdos aprendidos na escola que tem pouca aplicabilidade no dia a dia das pessoas depois que saem do ambiente de ensino. O que não quer dizer que não sejam úteis, claro.

Mas quando a escola procura ajudar os alunos a desenvolverem habilidades há menos foco nos testes padronizados, que envolvem muita memorização do conteúdo.

Por outro lado, aspectos que são essenciais para todos os tipos de profissionais são fortalecidos.

Algumas das habilidades que, independentemente de quais forem as profissões do futuro, serão úteis para a vida. Veja abaixo algumas dessas características principais.


O poder da boa comunicação

Saber se comunicar bem certamente é uma das habilidades mais importantes, em todas as áreas. O ser humano já transmitiu o conhecimento por meio de desenhos em cavernas, evoluiu para os textos, hoje pode compartilhar histórias de todas as formas possíveis.

Várias das novas profissões serão automatizadas, mas a inteligência artificial é incapaz de atingir o nível de alguém que se comunica tão bem a ponto de encantar as pessoas.

Saber se comunicar ajuda o indivíduo a influenciar pessoas e também a ter boas relações. As habilidades de comunicação são essenciais não somente para aqueles que têm perfis de liderança, ou de vendas, mas para qualquer um, em todo o tipo de ambiente e contexto.

Seja para um programador, que precisa liderar bem uma equipe, seja para um artista, que tira o seu sustento se relacionando com o público.

Conforme cita uma reportagem da revista Exame, pesquisa realizada pela Universidade da California constatou a relevância dos elementos da comunicação.

O processo de comunicação
Preparar os alunos para falar em público também é importante. Alguns, naturalmente têm mais aptidão para isso, no entanto esta habilidade pode ser desenvolvida, mesmo entre os mais tímidos.

Listamos 3 vídeos no youtube com conteúdos bem interessantes para te ajudar a ensinar técnicas de oratória.

Como Falar em Público? Técnicas de Oratória

Mario Sergio Cortella – Como Aprendi a Falar Bem Em Público

TED – Como falar de um jeito que as pessoas queiram ouvir

Aprender a aprender

Ainda é comum existirem pessoas que pensam não estarem aptas a aprender sobre determinados assuntos. Estes indivíduos acreditam ter limitações em determinadas áreas, mas diversos especialistas apontam que isso tem muito mais a ver com a atitude mental do que com qualquer outra coisa.

Logo, é importante ensinar aos alunos que eles podem, sim, vencer as dificuldades durante o processo de aprendizado.

As pessoas têm formas diferentes de aprender. Uns preferem aprender estudando sozinhos, outros conseguem aprender melhor com a ajuda de um professor. Podcasts, vídeos, livros, audiobooks são alguns dos meios que podem ajudar os estudantes a se desenvolverem.

A sensação de aprender algo novo é muito saborosa, e este sentimento positivo pode ser um incentivo forte para que exista foco. O foco, aliás, é a palavra chave para que os estudantes consigam aprender bem.

Exemplo, você não precisa aprender tudo para ser bom. Ao aprender a tocar um instrumento, não precisa saber músicas de todos os gêneros. Ao aprender sobre biologia, não precisa conhecer todos os termos.

A prática e a persistência são essenciais. E os alunos devem ser estimulados a serem pacientes para entenderem que todo processo de aprendizado é gradual, e toda melhora deve ser celebrada.

É importante também incutir a ideia aos alunos que a presença de um professor pode ajudar a acelerar o aprendizado. Isso porque um professor consegue enxergar falhas imperceptíveis quando se estuda e pratica sozinho. Com essa consciência o trabalho do professor passa a ser mais reconhecido e valorizado em sala de aula.

Hábitos saudáveis, como ter boas noites de sono, por exemplo, também ajudam a aprender melhor.

Veja alguns vídeos com dicas valiosas para ajudar os alunos a aprenderem mais e melhor.

Como Aprender… a Aprender!

COMO APRENDER QUALQUER COISA MAIS RÁPIDO

Inteligência emocional:

Especialistas têm notado que, na nova era em que estamos expostos a uma quantidade enorme de informações, os níveis de ansiedade aumentaram muito.

As crianças e os jovens, que desde cedo estão muito conectados, estão tendo mais transtornos emocionais que em gerações anteriores. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o número de pessoas com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015.

A fim de evitar esses transtornos e ter também uma melhor qualidade de vida, a preocupação com a inteligência emocional deve existir na escola.

Para que uma criança se desenvolva com uma boa inteligência emocional é imprescindível que nos primeiros anos da infância receba atenção e carinho dos pais. Por isso, a parceria entre a escola e os responsáveis é fundamental para o bom desenvolvimento dos alunos.

Com uma boa comunicação com pais e alunos, a escola consegue mais facilmente estimular bons hábitos que ajudam a desenvolver a inteligência emocional.

Esta habilidade, que pode e deve ser desenvolvida ao longo do tempo, ajuda no sucesso profissional e também na vida pessoal. Esta inteligência está associada a elementos fundamentais do comportamento humano, então ela será, no futuro, ainda mais relevante.

Algumas características podem ser notadas em pessoas que não possuem inteligência emocional. Essas pessoas podem ser agressivas, autoritárias, resistentes a mudanças e impulsivas. Já o contrário, remete a força de vontade, carisma, organização e paciência.

Há algumas formas de ajudar os alunos a desenvolverem melhor a sua inteligência emocional. Daniel Goleman, psicólogo considerado referência no assunto, em sua obra “Inteligência Emocional – A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente” dá algumas dicas importantes:

É necessário dar atenção ao corpo e aos comportamentos – Aprender a identificar suas emoções e se esforçar para reduzir as emoções negativas é fundamental.

Praticar a empatia – Procurar entender o outro. Segundo Goleman, a verdadeira compaixão não significa apenas sentir a dor de outra pessoa, mas estar motivado a eliminá-la.

Crie um ambiente positivo – Busque ter na escola um espaço de alegria, que contagie as pessoas. Tente incutir essa ideia entre os alunos que, enquanto se divertem, podem ser mais produtivos e eficientes.

Encontrar o propósito e paixão na vida

O que a sua instituição faz para que os alunos encontrem seus propósitos e paixões? Sabemos o peso que isso tem na nossa realização pessoal, mas, na prática, a importância dada a isso nas escolas ainda é pequena.

Sabemos que quando o aluno se diverte na escola, o aprendizado ocorre naturalmente. Por que não a instituição auxiliar os estudantes a encontrarem suas paixões? Estimular os diferentes tipos de talento, a criatividade e a inovação é algo que certamente vale a pena. 

Seja qual forem as profissões do futuro, ajudando os alunos a encontrarem suas paixões eles ganharão independência na jornada de aprendizado. Isso porque, quando eles gostam de algo, se sentem estimulados a pesquisarem e se aprofundarem no assunto.

No blog da Global Mentoring Group, eles dão algumas dicas interessantes para ajudar no encontro do propósito. O exercício pode ser feito escrevendo as respostas para as perguntas:

  • O que desejo estar fazendo daqui há 20 anos?
  • De que forma quero impactar as pessoas ao meu redor e o ambiente em que convivo?
  • Qual é minha vontade mais profunda? Ex. Ajudar dezenas de pessoas em suas carreiras, construir um negócio sólido, ser um médico humanista.

A lista possui alguns critérios para ser montada.

  • Cada um destes questionamentos deve ter ao menos uma resposta.
  • Preencha as três questões, livremente, com outras 7 respostas.
  • Não é permitido ultrapassar 10 respostas.

Com as anotações feitas, pode ser que ainda não tenha certeza do propósito, mas terá uma ideia de qual direção seguir.

Descobrir como fazer o mundo melhor

Aliado à busca por um propósito, incentivar os alunos a sonharem em fazer a diferença no mundo é algo que vale muito a pena. Os grandes empreendedores sempre contam que a motivação por trás de seus grandes feitos partiu em fazer a diferença na vida de bilhões de pessoas.

Mark Zuckerberg, criador do facebook, foi estimulado pela missão de fazer com que as pessoas se conectem mais com as outras e usem esse poder para fazer mudanças no mundo.
Além disso, ao lado de outros bilionários como Warren Buffet e Bill Gates, decidiu doar 50% de toda a sua fortuna para a caridade.

Bill Gates, outro empreendedor de grande sucesso, diz que o objetivo central de uma empresa não pode ser o lucro. O propósito que moveu a empresa foi colocar um computador em cada mesa e em cada casa. O que veio depois disso, já sabemos.

Pense em sua escola e introduzir na mente dos estudantes ideias e ações que vão ajudar o mundo a ser melhor. O espírito de altruísmo pode ajudar a movê-los com mais entusiasmo rumo aos seus objetivos, aumentando a chance de que eles sejam alcançados.

Na sua instituição, quando vê uma criança de 5 anos sendo inventiva e correndo riscos, capaz de lidar com fracassos, ela é instruída a seguir o caminho mais comum ou a permanecer assim? O que acontece, muitas vezes, é que este tipo de comportamento é desestimulado.

Focando em habilidades como essas a que citamos sua escola tende a preparar melhor o aluno para a vida. Quando foca apenas em testes padronizados, ele pode até passar nas melhores universidades. Mas muitos talentos podem ser desperdiçados ou não serem lapidados corretamente.

Veja também: O Guia para sua escola lidar com o bullying

O bom exemplo da Finlândia

Conforme mostra reportagem da BBC, os estudantes finlandeses não precisam se preocupar com provas. O sistema educacional do país não acredita na eficácia de provas e testes. Mesmo assim, o país brilha nos índices globais de educação e está ao lado dos países com melhor desempenho no mundo.

A filosofia finlandesa diz que o foco deve ser ajudar os alunos a aprenderem sem ansiedade. A ajudá-los a ter uma curiosidade natural, e não simplesmente passar em provas. As provas acabam por incentivar o medo e receio de correrem riscos.

Relatórios do PISA indicam que 7% dos alunos finlandeses sentem-se ansiosos ao estudar matemática. Já no Japão este índice chega a 52%. Os índices de educação dos japoneses também são ótimos, no entanto, registram recordes de suicídio entre os estudantes.

Nas salas de aula finlandesas, o ambiente é leve e descontraído. A escola primária é praticamente uma época livre de provas, a fim de evitar que as crianças sejam classificadas de acordo com seus desempenhos.

Em 2016, foi criado o currículo escolar baseado em fenômenos e projetos. A tradicional divisão por matérias dá mais espaço para determinados temas, como por exemplo a Segunda Guerra Mundial, e esses assuntos são trabalhados de forma conjunta por professores de diferentes disciplinas.

Quando se prepara os alunos para a vida, ao invés de focar nos testes, os resultados são mais sólidos. E aí, pronto para ter uma nova mentalidade em sua escola?

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Author: Escola em Movimento