Trocar ideias, se comunicar, ter um diálogo produtivo e ainda enriquecedor com uma ou mais pessoas. Esses são desejos simples e até corriqueiros, mas que muitas vezes são infrutíferos e não sabemos porque.
Me diga uma coisa: quantas vezes você participou de uma conversa que mais parecia uma batalha? Argumento daqui, contra argumento de lá, uma ideia é jogada e automaticamente é rebatida como a bola de um jogo de tênis e assim vai até que o diálogo termina. Não há vencedores, mas sim duas (ou mais) pessoas exaustas e insatisfeitas.
Isso é mais normal do que poderíamos imaginar, não é mesmo? As pessoas não querem ouvir. Apenas ser ouvidas ou, na melhor das hipóteses, que o outro concorde com o que você disse. Essa “luta” tem se tornado a cada dia mais comum e tomado conta da comunicação mundial como um vírus quase imperceptível, mas letal.
Há muito tempo, um século antes do nascimento de Cristo, um velho e célebre poeta romano, Publius Sirius, disse: “Estamos interessados nos outros, quando eles se interessam por nós”. Uma demonstração de interesse, como todos os princípios das relações humanas, deve ser sincera.
Deve recompensar não apenas a pessoa que se mostra interessada, mas também a pessoa objeto de atenção. Uma rua de mão dupla: ambas as partes se beneficiam.
Vamos focar em nós mesmos. Pense em como você reage de acordo com as respostas que recebe e em como, muitas e muitas vezes, poderia ter respondido com outras palavras e agido de outra maneira.
Mas é possível mudar essa realidade e buscar uma solução voltada para compaixão e empatia, conceitos que precisam ser melhor trabalhados em nossas vidas. Um caminho pode ser a chamada comunicação compassiva ou não violenta.
O que é a comunicação não violenta, também chamada de CNV? É uma abordagem que busca a resolução de conflitos por meio de diversas práticas que estimulam a compaixão e a empatia.
Ela se baseia em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos mesmo em condições adversas. Seu foco é reformular a maneira pela qual nos expressamos e também ouvimos os outros, porque nós sempre focamos no falar.
A ideia deste artigo é exatamente essa. Parar para pensar no que estamos fazendo e como estamos reagindo.
Mas fica uma dica importante! Quando falamos em comunicação não violenta, é importante lembrarmos que a CNV não é uma técnica pré-estabelecida, ou seja, não tem um manual, não tem um guia auto explicativo sobre como você pode utilizar a comunicação não violenta no seu dia a dia.
Ela diz que devemos criar um estado de consciência que nos ajude a desenvolver nossa compaixão. E, a partir disso, nós nos comunicamos de uma forma mais saudável, no sentido de não sermos tão reativos. Muitas vezes é um simples pensar antes de falar!
Comece a trazer isso para o seu ambiente. Observe as pessoas se relacionando e veja como será que aquela pessoa se sentiu ao ouvir isso, porque aquela outra disse aquilo. É um bom exercício para começarmos a desenvolver e estimular nossa compaixão.
Outra dica importante! A CNV não é sinônimo de passividade. Vamos explicar melhor. Muitas pessoas, ao demonstrarem interesse por uma maneira de se comunicar com os outros sem violência, logo dizem que não conseguiriam usá-la, porque não dá para ”engolir sapo“.
Só que é justamente para evitar isso que a Comunicação Não Violenta também serve: para expressarmos o que estamos sentindo e sermos honestos com nós mesmos e com os outros.
Quem sistematizou a CNV foi o psicólogo americano Marshall Rosenberg, na década de 1960. Ele foi o fundador do The Center for Nonviolent Communication. Além de elaborar a Comunicação Não Violenta, ele a disseminou em cerca de 60 países e foi autor de vários livros sobre o tema.
Um desses ótimos livros, que é muito indicado para quem quer aprender a como trabalhar os conflitos interpessoais de maneira mais saudável e compassiva é o Nonviolent Communication: A Language of Life (em português: Comunicação Não Violenta. Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais). Marshall morreu em 2015, deixando suas ricas contribuições para as relações humanas.
Em todas as conversas, discussões, reuniões, até em brigas e nas mais diversas situações. Isso, porque quando nos comunicamos, expressamos comportamentos na nossa fala que denunciam as nossas necessidades. Elas são comuns a todos nós, seja quando demonstramos raiva, frustração, alegria ou satisfação, entre muitos outros sentimentos.
A grande questão é que quase sempre perdemos tempo discutindo o comportamento, que sempre varia de pessoa para pessoa, e acontece por motivações diversas, mas quase nunca discutimos o que está por trás dos comportamentos: as necessidades.
São justamente as necessidades que são comuns a todos nós e o que de fato, nos conecta. Em vez de julgarmos uma pessoa do porquê ela fez isso ou falou aquilo, podemos tentar identificar quais são as necessidades dela que não estão sendo atendidas e comunicar isso.
A identificação do que a pessoa está precisando é geralmente a fagulha que gera a conexão, e daí podemos deixar o comportamento de lado e começar a entender o que existe de mais profundo nas pessoas com quem nos relacionamos.
Esse pensamento nos permite enxergar além do comportamento e assim, identificar o que de fato está gerando conflito, caminhando para um debate mais saudável, sem ataques, julgamentos e rotulações, que são barreiras para a conexão.
Vamos então ao que interessa. Como ela funciona? Já falamos que não é um manual de regras ou uma equação a ser calculada. Existem algumas atitudes que podem ser tomadas por quem quer começar a se conectar melhor com os outros.
Essas ações têm tudo a ver com um processo de tomada de consciência interna (do que está acontecendo dentro de mim) e externa (o que está acontecendo com o outro) e, depois disso, tentarmos resolver o que tiver que ser resolvido nos nossos conflitos. Nesse processo, podemos seguir alguns passos que nos ajudarão a ter conversas mais saudáveis:
Fazer observações sobre as ações ou falas da pessoa que estão nos incomodando ou gerando conflito, em uma discussão, por exemplo. É importante que essas observações sejam baseadas em fatos, e não em nossas interpretações acerca do que a pessoa quis dizer com suas atitudes, mas sim, o que de fato ela fez ou falou.
Depois de observar o que causou o conflito, podemos nos voltar para nós mesmos, percebendo e identificando os sentimentos que estão aflorando dentro de nós a partir das atitudes da pessoa. Estamos sentindo raiva? Frustração? Medo? Preocupação? Alívio?
Nesse momento é bem importante utilizarmos palavras que sejam, de fato, sentimentos e não julgamentos. Por exemplo, quando digo que estou me sentindo “ignorado” isso não é de fato um sentimento, pois a palavra descreve a ação de uma terceira pessoa “você está me ignorando”. A ideia aqui é que você se pergunte: “se estou com a sensação de que estou sendo ignorado, o que eu de fato sinto?”.
Esse exercício é importante não porque você quer se enganar ou tirar a responsabilidade do outro pelas ações dele, mas sim porque você quer aumentar suas chances de ser ouvido quando for falar sobre algo. Se você disser “estou me sentindo triste com o que aconteceu” em vez de “estou me sentindo ignorado por você” suas chances de ser escutado são maiores.
Após nomear esses sentimentos, podemos então identificar as necessidades que são apontadas por eles. Se estamos nos sentindo frustrados, qual foi a necessidade que não foi atendida e que gerou essa frustração?
Comunique suas necessidades se responsabilizando por elas, por exemplo, em vez de dizer “estou irritado porque vocês não ficam quietos” você pode entender quais necessidades suas não estão sendo atendidas e comunicá-las “estou irritado porque eu tenho uma aula para dar e vocês estão atrapalhando o meu trabalho como educador. Cooperação é algo importante para convivermos bem e gostaria de conversar sobre os acordos que vão nos ajudar a conviver melhor aqui em nossa sala de aula”.
Depois de entendermos melhor o que precisamos, podemos fazer ao outro um pedido claro para nossas necessidades sejam atendidas. Na conversa, todas essas questões podem ser trazidas à tona, para que fique claro o que está se passando entre nós e o outro.
Isto é, podemos comunicar a ele as nossas observações, a partir do que ele fez ou falou, depois explicar o que sentimos a partir dessas atitudes, bem como do que precisamos e não está sendo suprido e então, fazer um pedido claro do que queremos. Muitas vezes isso pode ser difícil pois não sabemos o que queremos ou até mesmo temos receio de receber um “não” como resposta.
A Comunicação Não Violenta é um convite para termos conversas corajosas. É claro que é muito mais gostoso quando as pessoas adivinham o que estamos precisando, mas é injusto esperar isso delas.
Para que um vínculo de confiança se estabeleça, precisamos comunicar nossas necessidades e pedidos de maneira que as outras pessoas tenham clareza sobre como poderiam nos ajudar.
Assim, parte da CNV consiste em expressar as quatro informações muito claramente, seja de forma verbal, seja por outros meios. O outro aspecto dessa forma de comunicação consiste em receber aquelas mesmas quatro informações dos outros.
Nós nos ligamos a eles primeiramente percebendo o que estão observando e sentindo e do que estão precisando; e depois descobrindo o que poderia ajudá-los ao receberem a quarta informação, o pedido.
À medida que mantivermos nossa atenção concentrada nessas áreas e ajudarmos os outros a fazerem o mesmo, estabeleceremos um fluxo de comunicação dos dois lados, até a compaixão se manifestar naturalmente: o que estou observando, sentindo, necessitando e o que estou pedindo para enriquecer minha vida; o que você está observando, sentindo, necessitando e pedindo para enriquecer sua vida.
Sim, é claro! Não é somente possível como altamente recomendável que a sua escola busque aplicar essas técnicas na comunicação digital.
A forma como a sua escola interage com os pais e alunos, as palavras que escolhe e a postura que adota no atendimento faz toda a diferença no relacionamento.
De fato, sua escola não terá uma boa comunicação se não tiver formas de interagir com os pais dentro do aplicativo. Uma comunicação só é eficaz quando as partes estão dispostas a ouvir, além de falar.
Em nossa ferramenta, a melhor funcionalidade para este fim é o atendimento, que organiza todas as demandas e direciona bem as dúvidas e os chamados abertos pelos pais.
Em determinadas situações, este atendimento pode se relacionar a assuntos um pouco ásperos e que são comuns à rotina da escola, como o mau comportamento do aluno, dificuldades de aprendizagem ou atrasos de pagamento.
Para isso, é necessário bastante cuidado e os ensinamentos deste artigo podem ajudar bastante.
Na ferramenta da Escola em Movimento, é possível ter dados completos sobre a satisfação dos pais com o atendimento no app. Os próprios dados oferecidos vão te mostrar quais canais e quais atendentes estão sendo mais bem avaliados.
O nível de satisfação pode ter a ver com as boas técnicas de comunicação de determinados colaboradores ou outros fatores, como a agilidade para resposta, por exemplo. Essa análise das métricas é sempre válida!
Seus próprios dados podem te trazer informações valiosas para que melhore o atendimento como um todo.
Saiba mais sobre como ter um atendimento de excelência em sua escola
Ou saiba como lidar com a reclamação dos pais
Gostou do artigo? Quer deixar algum comentário? Tem alguma sugestão ou assunto que gostaria de ver por aqui? Fique à vontade!
Toda instituição, seja pequena ou grande, do infantil ao ensino médio, quer ter uma boa…
Já pensou nas diversas ferramentas avaliativas que você pode utilizar como aliada nas aulas? Avaliar…
Enviar mensagens para as famílias é algo recorrente na rotina de professores, coordenadores e demais…