Educação em Movimento

As escolas estão matando a criatividade dos alunos?

A educação é o caminho para o futuro. Se não com essas mesmas palavras, em algum momento você ouviu uma frase com este sentido. Logo, com tantas transformações no mundo, as escolas também estão mudando. E em relação a todas essas mudanças, estamos preparados? Como fazer com que elas sejam as melhores possíveis, de forma a despertar o máximo da criatividade dos alunos? As escolas estão inibindo a criatividade dos estudantes?

O especialista em educação e criatividade Sir Ken Robinson discutiu isso em uma palestra no Ted Talks, um canal no youtube com palestras de grandes especialistas em diversas áreas. O vídeo é um dos três mais visualizados da história do canal e traz uma reflexão importante.

Neste artigo, vamos citar os principais pontos da palestra. Em sua escola, o quanto acham que estão favorecendo a criatividade dos alunos?

A extraordinária evidência da criatividade humana

Picasso uma vez disse: toda criança nasce artista. O desafio é manter-se artista enquanto cresce. Ken acredita que Picasso está completamente certo, mas que somos educados de forma contrária a esta nossa natureza. Quais as razões?

Em todos os cantos do mundo que Sir Ken visitou ele observou que todas as escolas seguem a mesma hierarquia de matérias. Sem exceção, sem importar a região. No topo, entre as principais disciplinas, matemática e as línguas, seguidas por matérias de humanas, e por fim as artes.

E além das artes ficarem entre as últimas prioridades, há também uma hierarquia na disciplina. Arte e música normalmente têm um status melhor que drama e a dança, por exemplo.

Segundo Ken, não há nenhum sistema de educação no mundo que ensina dança às crianças todos os dias, como ensinam matemática. Certo, você pode achar que o especialista está exagerando ao dar tanta importância às artes, mas ele nos dá bons argumentos.

Sir Ken não desmerece a importância da matemática, mas diz que a dança deveria também ter mais espaço. As crianças dançam o tempo todo se são permitidas a fazer isso. O que acontece é que com o crescimento da criança elas são educadas da cintura pra cima. E então o foco é apenas a cabeça.

E o propósito?

Se um alienígena vier ao mundo e analisar a educação e se questionar: qual o propósito da educação pública? Olhando pro resultado, se pensar quem é realmente bem sucedido na escola, aquele aluno que faz realmente tudo que é proposto, que são os vencedores em sala de aula, chegariam a conclusão que as escolas são fábricas de professores universitários.

Essas são as pessoas que chegam ao topo. Sir Ken reconhece a importância da profissão, mas que nós devíamos deixar de ter essa atividade como o ápice da carreira de qualquer um. Essa é só mais uma forma de vida.

Nosso sistema de educação é baseado na ideia de habilidade, e há uma razão pra isso. Em todo mundo, não existiram sistemas de educação, verdadeiramente, antes do século XIX. Todos passaram a ser educados conforme as necessidades da indústria.

Então a hierarquia é dividida em duas ideias. Em primeiro lugar, aquelas que são mais úteis para trabalhos que estão no topo da escala. Então provavelmente de forma natural, enquanto esteve na escola, você foi dirigido a deixar de fazer coisas que gostava, porque aquela atividade poderia não ser rentável. Ken então pergunta: isso é certo?

Compreensão que inteligência é dinâmica irá favorecer criatividade dos alunos

Não faça música, você não poderá ser um músico. Não faça arte, você não poderá ser um artista. O mundo passa por uma revolução, e na medida que as escolas abrirem os olhos pra outras possibilidades, a capacidade de inovação aumenta.

Pensando no sistema de educação como um todo ao redor do mundo, é como se fosse um processo prolongado de entrada na universidade.

Nos próximos 30 anos, de acordo com a UNESCO, mais pessoas ao redor do mundo estarão sendo graduadas que desde o início da história. Mais pessoas, maior diversidade de conhecimento e talentos.

Ken conta que estamos vivendo um momento de inflação acadêmica. E isso indica que toda a estrutura de educação está mudando sob os nossos pés, e que deveríamos repensar nossa visão de inteligência.

3 tópicos sobre a inteligência

Sir Ken diz que sabemos três coisas sobre inteligência. Uma, que é diversa. Pensamos sobre o mundo a partir dos diferentes meios que vivemos. Pensamos visualmente, por meio do som, cinesticamente, ou em meios abstratos e físicos.

Escolas devem diversificar o ensino. Reprodução.

Segundo, que a inteligência é dinâmica. Se olhamos as interações de um cérebro humano, vemos o quanto a inteligência é incrivelmente interativa. O cérebro não é dividido em compartimentos. De fato, criatividade é o que define o processo de ter ideias de valor, o que na maioria das vezes é resultado da interação de diferentes maneiras de ser ver as coisas.

Em terceiro, a inteligência é distinta. Os talentos são realmente diferentes. Ken conta o caso de uma mulher que conheceu, chamada Gillian Lynne.

Enquanto esteve na escola, Gillian era uma garota verdadeiramente sem esperança. E a escola, em determinado momento, escreveu a seus pais: “Achamos que Gillian tem dificuldades de aprendizado, ela é incapaz de se concentrar”.

Quando adulta, após alguns percalços, Gyllian se tornou uma coreógrafa extremamente reconhecida no meio artístico. Uma estrela do Balé Real, o grupo de balé mais importante do Reino Unido. A escola seria capaz de reconhecer isso? Quantos talentos podem ter sido perdidos, ou não desenvolvidos corretamente por diferentes tipos de talento não serem valorizados nas escolas?

Preparar para o futuro

Ken diz que a esperança para o futuro passa pela adoção de uma nova concepção de ecologia humana, na qual começamos a reconstituir nossa concepção da riqueza da nossa capacidade.


Por isso, a necessidade de repensar o sistema educacional. Ken cita uma frase de Jonas Salk: “Se todos os insetos desaparecessem da Terra, dentro de 50 anos toda a vida na Terra acabaria. Se todos os seres humanos desapareceram da Terra, dentro de 50 anos todas as formas de vida iriam florescer”.

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